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terça-feira, 7 de maio de 2019

Família Caetano: Uma família que põe em prática o que acredita

TRECHOS DO MEU TCC EM EDUCAÇÃO DO CAMPO - Parte 2


Este é um trabalho que perde parte do sentido se ignorar ou não começar pelo papel deste núcleo familiar e por isto é necessária a sua apresentação.
Há pouco mais de dois anos, a família Caetano conheceu o projeto desenvolvido pela Embrapa Meio Norte, conhecido afetivamente como “Sisteminha”.
A família soube do Sisteminha por vídeos e arquivos disponíveis na Internet cerca de dois anos antes de resolverem implantá-lo em casa e em fins de junho de 2016, a família começa as próprias adaptações do Sistema no assentamento de São Vicente, com o diferencial da associação ao SAF, segundo os ensinamentos de Ernst Gotsch, agrônomo suíço radicado no Brasil e responsável pelo desenvolvimento e divulgação da agricultura sintrópica, pois foi esta, a motivação inicial da pesquisa que os fez chegar ao Sisteminha. A família assumiu o risco de que as adaptações poderiam não dar certo.
Flávio Caetano assistiu a um único vídeo repetidamente (cerca de 20 vezes), e ao fazer buscas por textos de apoio, não conseguiu encontrar quase nada, até descobrir o nome oficial do projeto, Sistema Integrado Alternativo de Produção de Alimentos da Embrapa que, aliás, o define melhor. Tem a vantagem de poder ser adaptado à realidade local. É orgânico, inclusive na dinâmica de seu funcionamento, e várias de suas etapas, embora possam ser implantadas separadamente, acabam se tornando interdependentes. É como um organismo vivo, e o lucro não é sua força dinamizadora. A família achou tão interessante que resolveu criar um grupo nas redes sociais para divulgar, registrar e compartilhar a experiência. E a partir da curiosidade de alguns e do número de interessados que começaram a procurar informações para aprender do sistema, começaram também a divulgar vídeos tutoriais mostrando as várias etapas do processo. Então perceberam o potencial transdisciplinar do projeto, segundo sua própria visão e entendimento, capaz de associar segurança alimentar e qualidade de vida à família.
O coração do projeto envolve técnicas construtivas de baixo custo e de reciclagem na construção e manutenção de um pequeno tanque de criação de peixes, que por sua vez, movimenta todos os processos restantes envolvendo conhecimentos básicos de matemática, biologia e física com as práticas da agricultura familiar. Não é necessariamente agroecológico a princípio, já que precisa do uso de ração comercial para criação inicial dos peixes e aves, porém se mostra como um projeto com potencial à transição para agroecologia, uma vez que tende a se tornar cada vez mais independente do mercado conforme vai se tornando mais produtivo. A família continuou se empenhando na divulgação das formas de implantação, das dificuldades encontradas e dos resultados das adaptações.
Para entender estas adaptações é necessário compreender que o Sistema tem o tanque de criação de peixes como principal componente e que o mínimo de investimento financeiro é feito nesta etapa, partindo do processo diferenciado de construção e também de manutenção. É possível utilizar até papelão em sua estrutura. No caso, a família optou pela taipa que consiste no uso de bambus, tabocas ou varas de mororó e barro pisado. A produção de frutas, húmus, compostagem, hortícolas, produção de carne, leite e ovos, proporcionam e aliam as modificações de solo e ambiente decorrentes de todas estas adaptações, trazendo impactos positivos ao possibilitar que a família, ao invés de uma APP – Área de Proteção Permanente, na qual, segundo Gotsch (2011), o homem se isola do ambiente, tenha uma AIP – Área de Inclusão Permanente, onde acontece justamente o contrário.

No próximo post falaremos um pouco sobre a influência da Educação do CAmpo neste trabalho.


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