Início

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Lavrador









por  Karla Caetano



Raiando o dia já vai se levantando, a cama não o segura quando os pássaros já começaram a cantar. 
Olhando pela janela, se alegra com a vista que começa a se formar diante de seus olhos. 
Hoje, como em todos os outros dias, é dia de doação.
Doação do suor do seu rosto, do sangue correndo quente nas veias, do tempo que vale mais do que a vil moeda, do sentimento de pertencimento à terra, das lembranças compartilhadas com ela. 
Doação da alma, já que a terra não só lhe impregna a pele como lhe alimenta o corpo e o espirito.
Doação das mãos calejadas árdua e docemente na labuta de cada dia de trabalho, quando joga na terra, de volta, um pequeno dízimo das sementes que ela lhe doa.
Doação da melanina que lhe cora ao estimulo do sol.
Ele sabe que se a trata com carinho, com respeito do qual sabe e sente que é digna, ela lhe será generosa. Sua amável professora de vida.
No fundo ele sente que sua doação é apenas percentual, que a doação maior é da terra.
Terra que ele ama com profundidade muito maior que os sulcos da enxada no chão, que o vazio que as raízes das mandiocas deixaram ao serem colhidas, que a profundidade das florestas invertidas do cerrado. 
Ele adquiriu o dom de ouvi-la, sabe pela cor do mato o que ela precisa.
Pelo mesmo mato, ele sabe qual foi o ultimo fruto colhido, e qual, na rotação deverá seguir.
Ele ouve dela, qual consorcio de plantas lhe será mais rentoso e  pelos pequenos seres que a habitam debaixo da serrapilheira, ele sabe como estão seus nervos. Se está calma, se está adoecida ou sã.
Se a terra adoecer ele sabe que adoecerá também e que cuidar dela é a melhor forma de cuidar de si e dos seus.
Doa a vida por ela, porque sua vida está ligada a dela. 
Faz tempo que ele aprendeu que o solo doente, dará planta fraca que só alimenta a praga para não adoecer e nem endoidecer o homem. 
Melhor que os fungos que consomem, mas que em verdade são a tropa de emergência, lhe alertem que a terra está febril e que precisa de cuidados. 
Dos cuidados certos. Dos remédios certos, que não vem rotulados e nem acompanhados de bula. 
As vezes a terra só precisa de um chá de ervança e repouso para se recuperar. E tempo.
A experiencia ensinou a ele o que ela precisa, quanto e quando precisa. 
O pagamento que ela lhe dá é melhor e maior, muito maior que qualquer quantidade de papeis impressos. 
Ela lhe retribui com saúde e vigor, e ânimo.
Para ele a terra é como um anjo, pelo qual Deus envia bençãos ou maldição. 
Sabe porém, que os incrédulos pensarão que não há ciência nisto, mas que a lei do retorno vale para qualquer um. Crente ou não.
Ele é um crente que sabe que fazendo sua parte, dia a dia, terá seu bom quinhão.
Ele ama a terra porque acredita que na natureza, amor é moeda de troca.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Ana Maria Primavesi - Histórias de Vida e Agroecologia

A pedidos, começamos agora uma pequena série de indicações de livros que nos auxiliam nos trabalhos e adaptações que fazemos no nosso | Sisteminha adaptado em São Vicente
-----------------------------------------------



http://chacaradonakaetana.blogspot.com.br/2018/04/literatura-para-emocionar-aos-amantes.html
-----------------------------------------------
https://www.youtube.com/edit?o=U&video_id=kUAKhKV_U7c
-----------------------------------------------